quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu
Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…

Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Obs: só por hoje, eu queria fugir... não precisar presenciar o vazio... e sentir aquele aperto no peito me dizendo "era uma vez e acabou a história".

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